Campanha quer transformar relatos de jovens negros em dados para debater o problema e pressionar autoridades
No estado de São Paulo, apenas em 2020, aconteceram quase 12 milhões de revistas pessoais (segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado). Na teoria é como se, aproximadamente, 1/3 da população do estado passasse por abordagens policiais. Na prática, essas milhões de abordagens se repetem várias vezes com um só grupo: a juventude negra e periférica.
Esses são os poucos dados que existem sobre as abordagens policiais. No Rio de Janeiro, o Instituto de Segurança Pública (ISP) sequer tem informações quantitativas sobre o procedimento. Afinal, existe protocolo? Seria ele discriminatório? Ou é simplesmente o racismo que norteia essa parte tão importante do policiamento ostensivo?
Para obter respostas, o IDDD em parceria com o data_labe (laboratório de jornalismo de dados do Conjunto de Favelas da Maré) lançou a campanha #PorQueEu?, que visa reunir dados sobre o racismo nas abordagens, partindo da experiência das pessoas que são mais frequentemente abordadas. A campanha quer com isso pressionar as autoridades a fazerem seu papel tanto no controle da atividade policial no Brasil.
As poucas informações disponíveis sugerem, no mínimo, ineficiência. No estado de São Paulo, ainda que em 2020 tenham sido realizadas quase 12 milhões de abordagens, no mesmo período foram feitas pouco mais de 100 mil prisões em flagrante. Se fosse feita uma relação direta entre os dois números, seria possível observar que 11.857.625 revistas pessoais não encontraram nada.
Como contribuir
Você já passou por abordagens discriminatórias? Conhece alguém que tenha vivenciado a mesma situação? Se você pode contribuir ou conhece alguém que pode, é só preencher ou indicar o formulário da pesquisa: http://bit.ly/porqueeu.
A participação é anônima e protegida por criptografia, o que garante sigilo completo e segurança do respondente.