Notícias

Projeto “Educação para Cidadania no Cárcere” conclui mais um módulo

Aula do dia 23 de junho, com a participação dos juízes

Iniciativa que busca ajudar o preso a compreender sua dimensão de cidadão realizou encontros no Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros, em São Paulo

Aula do dia 23 de junho, com a participação dos juízes
Aula do dia 23 de junho, com a participação dos juízes. (Foto fornecida pelo CDP III de Pinheiros)

No final de junho, o projeto do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) “Educação para Cidadania no Cárcere” conclui mais um módulo. Foram 16 encontros de formação realizados às terças e sextas-feiras, entre abril e junho, nos quais participaram cerca de 27 presos do Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros, na cidade de São Paulo.

O projeto contou com a participação de 14 advogados associados ao IDDD, que a cada encontro abordou junto aos presos temas relacionados ao processo penal e processo de execução penal, organização do Estado brasileiro e direitos humanos. Sob coordenação da pedagoga Arianna Praes, os conteúdos das aulas são passados de forma a criar um diálogo crítico sobre a temática em questão, de acordo com os ensinamentos do educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire. Assim, os encontros aconteceram na sala de aula do CDP, na qual todos os participantes ficam dispostos em um grande círculo, formando uma roda.

A última atividade do projeto foi marcada pela presença dos juízes Tiago Papaterra Limongi e Roberto Corciolli, que, por cerca de uma hora e meia, responderam a questionamentos dos presos sobre execução penal, regras sobre transferências de presos, audiência de custódia e uso de tornozeleiras eletrônicas.

Uma das principais preocupações externadas pelos presos dizia respeito ao cumprimento da pena em regime fechado quando já foi concedida a progressão para regime semiaberto. O magistrado Tiago Limongi informou que essa é uma importante questão a ser discutida pelos órgãos de justiça e administração penitenciária. Como soluções possíveis, ele citou a Proposta de Súmula Vinculante 57, que impõem o cumprimento da pena em regime mais benéfico se não houver vaga em estabelecimento adequado, um Recurso Extraordinário que discute o mesmo tema no plenário do Supremo Tribunal Federal, no qual, aliás, o IDDD está habilitado como amicus curiae, bem como projetos de lei que permitiriam a progressão automática de regime quando já observado o lapso temporal para tanto.

A diretora do IDDD, Daniella Meggiolaro Paes de Azevedo, responsável pelo projeto juntamente com o associado Bruno Salles Pereira Ribeiro, celebra a realização de mais um módulo do projeto. Para Daniella, “é muito gratificante saber que o projeto tem sido bem recebido tanto pela direção das unidades prisionais por onde passa quanto pelos presos que são beneficiados com o curso. É fundamental que essas pessoas conheçam seus direitos para que possam cumprir suas penas de forma adequada e reivindicar por eles quando lhe são negados”.

Histórico e futuro
O “Educação para Cidadania no Cárcere” foi criado em 2010, e desde então já passou por 11 edições, contabilizando a encerrada agora em junho. Nesses cinco anos de existência, o projeto já passou por diversos Centros de Detenção Provisória e Penitenciárias da capital e Grande São Paulo, sempre com a participação dos associados do IDDD, fundamental para o desenvolvimento do projeto, bem como com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo.

Para o segundo semestre de 2015 está prevista a realização de mais um módulo do projeto. Os detalhes da próxima edição serão em breve comunicados aos associados para que os interessados em participar possam se inscrever.

Parceiros Pro Bono

ver todos +