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Programação da mostra “OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga”

Exposição realizada pelo IDDD em parceria com o Instituto Tomie Ohtake fica em cartaz até o dia 13 de agosto. Confira a programação de eventos!

 
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O Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e o Instituto Tomie Ohtake promovem de 27 de junho até 13 de agosto a exposição de arte “OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga”. Por meio da união dos territórios da Arte e da Justiça, a iniciativa pretende iluminar um debate sobre as garantias fundamentais previstas na Constituição Federal e a igualdade no acesso à justiça.

CONFIRA ABAIXO A PROGRAMAÇÃO DE EVENTOS DA MOSTRA:

CONVERSAS EM FLUXO – QUINTAS-FEIRAS: 6, 13 E 20 DE JULHO, ÀS 19H 

Exibição de filmes, conversas e apresentações relacionadas ao tema da exposição. Gratuito. Não é necessário se inscrever para participar da atividade.

6 JULHO (QUINTA-FEIRA), ÀS 19H

Apresentação da peça “MACACOS”, da Cia do Sal

“MACACOS” é um monólogo que se desenvolve a partir do relato de um homem negro em busca de respostas para o racismo que rodeia o seu cotidiano e a história de sua comunidade. É como um fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que remete à história do Brasil e de grandes artistas negros, como Elza Soares, Machado de Assis e Bessie Smith, refletindo também sobre o presente por meio de relatos e estatísticas atuais sobre o encarceramento e execução de jovens negros no país.

13 JULHO (QUINTA-FEIRA), ÀS 19H

Exibição da websérie “O filho dos outros” (4 episódios com duração total de 68 min), produzida pelo coletivo Rebento, seguido de debate

“O filho dos outros” é uma websérie que traz discussões sobre a redução da maioridade penal no Brasil. Além de abordar o tema de forma direta, traz dados e informações que enriquecem a reflexão acerca do assunto e a complexidade que o acompanha, como os direitos da criança e do adolescente, o conceito de infância, o sucateamento da educação pública e outros problemas estruturais da sociedade.

20 JULHO (QUINTA-FEIRA), ÀS 19H

Exibição do documentário “Mulheres negras: projetos de mundo” (25 min), de Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, seguido de debate com a diretora

O documentário conta com depoimentos de nove mulheres negras abordando suas experiências de vida a partir da raça, do gênero e da classe, e apresentando discussões do feminismo negro e da resistência da mulher negra através dos anos.

Exibição do documentário “Universo Preto Paralelo” (12 min), de Rubens Passaro, seguido de debate com o diretor

Por meio da comparação de obras do século XIX e depoimentos dados à Comissão Nacional da Verdade, o documentário traça um paralelo entre as violações de direitos humanos do passado escravocrata brasileiro e da ditadura militar.

 

ATELIÊ ABERTO DE CARTAZES – SÁBADOS: 8,15,22 E 29 DE JULHO, DAS 14H ÀS 17H

O espaço aberto aos visitantes permitirá o uso de diversas linguagens e técnicas de reprodução de imagens, como estêncil, carimbo, serigrafia e caligrafia, explorando as possibilidades de expressão visual das questões abordadas pela exposição para a composição de cartazes. O Instituto Tomie Ohtake fornecerá aos participantes os materiais necessários e o apoio de educadores para a realização de cartazes autorais, podendo conter imagens e textos articulados por meio de impressão, colagem, escrita, fotocópia etc. Gratuito.

Estêncil: uma das mais versáteis técnicas de impressão seriada. As imagens surgem da aplicação de tinta em desenhos vazados construídos a partir de perfurações ou recortes em papel, acetato, plástico ou outros tipos de suporte. As imagens podem ser aplicadas sobre diversos tipos de superfície, como papel, tecido, madeira ou mesmo paredes e muros, preservando a matriz de impressão para aplicações posteriores. O estêncil é bastante utilizado na arte urbana, dialogando com o grafite, e na produção de cartazes e estampas.

Carimbo: uma das mais antigas e acessíveis técnicas de impressão seriada. Assim como outras técnicas de reprodução, a partir de uma matriz, que pode ser de madeira, borracha, cortiça, metal ou outros materiais tradicionais, imagens são registradas em alto ou baixo relevo e posteriormente são impressas em diversos suportes. Por seu caráter gráfico, é bastante utilizado em trabalhos editoriais independentes, design, publicações feitas à mão, entre outros.

Serigrafia: técnica de reprodução que utiliza uma tela como matriz, normalmente feita de nylon ou poliéster. Ao contrário do estêncil e do carimbo, é uma técnica que não necessita da retirada de material da matriz, sendo realizada em uma superfície plana. A tela é sensibilizada por processos químicos e pela luz, permitindo a passagem da tinta apenas nos lugares selecionados e assim compondo a imagem desejada.

INSCRIÇÕES >> 8 JULHO / 15 JULHO / 22 JULHO / 29 JULHO 

 

VISITAS AGENDADAS – QUINTAS-FEIRAS, DAS 10H ÀS 12H E DAS 14H ÀS 17H | SEXTAS-FEIRAS, DAS 14H ÀS 17H.

Mediadas por educadores. Incluem conversa na exposição, seguida de atividade poética em ateliê. Gratuito.

 

ENCERRAMENTO – 27,28 E 29 DE JULHO

Gratuito. Não é necessário se inscrever para participar das atividades.

27 DE JULHO (QUINTA-FEIRA), ÀS 19H

Mesa de discussão sobre “Encarceramento em massa e seletividade penal”, com Adriana Eiko Matsumoto (Psicóloga, já atuou no sistema prisional e em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico), Isadora Brandão (Defensora Pública do Estado de São Paulo) e Pedro Borges (Jornalista, membro da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas – INNPD e co-fundador do portal Alma Preta) 
A mesa busca aprofundar, por meio de debate com especialistas e ativistas, as problemáticas jurídicas, históricas e sociais que estruturam os índices de prisões no país, bem como prospectar possibilidades de ações para diminuição do ciclo de violência gerado pelo Estado.

28 DE JULHO (SEXTA-FEIRA), ÀS 19H 

Exibição do documentário “Sem pena” (86 min), seguido de conversa com Heloisa Bonfanti, assistente de direção, e Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, produtor executivo e integrante de pesquisa do filme
Documentário realizado pelo IDDD, que expõe a vida nas prisões brasileiras e a realidade do sistema de justiça do país, demonstrando como morosidade, preconceito e a cultura do medo só fazem ampliar a violência e o abismo social existente.

29 DE JULHO (SÁBADO), DAS 17H ÀS 20H

17h às 18h – Exibição do vídeo “Apelo” (14 min) de Clara Ianni e Débora Maria da Silva, seguido de conversa com as idealizadoras
“Apelo” é o depoimento de Débora Maria Silva, fundadora do movimento Mães de Maio, que teve seu filho assassinado em 2006 pela polícia militar do Estado de São Paulo. O apelo é pelo direito ao luto e a memória coletiva dos jovens assassinados.

18h às 20h – Sarau
Apresentação de poetas participantes do Sarau do Binho e de outros saraus e slams de poesia da cidade de São Paulo.

Sobre o caso Rafael Braga
O jovem negro carioca, era catador de latas quando, nas manifestações de junho de 2013, foi levado à prisão por portar dois frascos plásticos, um de desinfetante e outro de água sanitária. A acusação dizia que ele portava materiais inflamáveis que seriam utilizados para produzir explosivos, mas cuja aptidão incendiária foi contestada por um laudo do Esquadrão Antibomba da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil. Ainda assim, Rafael foi o único cidadão brasileiro preso no contexto dos atos que foi condenado à pena de prisão. Sentenciado à pena de quatro anos e oito meses em regime inicial fechado, em dezembro de 2015, progrediu ao regime aberto, por preencher os requisitos legais.

Em janeiro de 2016, Rafael foi preso novamente, enquanto utilizava tornozeleira eletrônica e trabalhava como auxiliar de serviços gerais em um escritório de advocacia no Centro do Rio de Janeiro. Segundo a versão policial, o jovem caminhava pela Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro, quando teria sido flagrado com 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína, além de um rojão. Rafael, que nega todas as acusações, alega ter sido vítima de violência e extorsão policial. Há contestações sobre a veracidade do flagrante e foi registrada contradição entre os depoimentos de policiais militares, únicas testemunhas da acusação. A testemunha da defesa, que afirma que Rafael não portava as drogas no momento da detenção, teve seu depoimento desacreditado pelo juiz. No final de abril de 2017, Rafael Braga foi condenado a 11 anos e 3 meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas.

Apesar do acúmulo de infortúnios que colaboraram para a relativa publicização desse caso, ele não está isolado nas estatísticas brasileiras. Para Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, “o jovem é um símbolo da crescente população prisional brasileira. A história de Rafael é semelhante àquelas de tantos outros jovens que não conseguem se livrar de um direito penal cada vez mais amplo e violento. Rafael representa, ainda, o angustiante destino cíclico da população periférica egressa do sistema prisional”.

Sobre a exposição
Para a exposição, o curador do Instituto Tomie Ohtake Paulo Miyada contou com a adesão imediata de 29 dos mais relevantes artistas brasileiros. O título “OSSO” justifica-se por terem sido escolhidas obras produzidas a partir de elementos mínimos, que podem aludir de forma sintética à fragilidade e a crueza dessa questão: “o direito de defesa”. Cerca de dois terços dos artistas participam da exposição com obras existentes e os demais com obras inéditas ou feitas especialmente para a mostra.

Além das obras em exposição, em uma sala adjunta, serão apresentados documentos ligados direta e indiretamente ao caso de Rafael Braga – a compilação e edição de dados e textos nasce também da parceria das equipes do IDDD com o Instituto Tomie Ohtake.

Lista de artistas participantes: Adriano Costa, Alice Shintani, Anna Maria Maiolino, Bené Fonteles, Carmela Gross, Cildo Meireles, Clara Ianni, Dalton Paula, Fabio Morais, Fernanda Gomes, Graziela Kunsch, Gustavo Speridião, Ícaro Lira, Iran do Espírito Santo, Jaime Lauriano, Jonathas de Andrade, Maria Laet, Miguel Rio Branco, Moisés Patrício, Nelson Félix, Nuno Ramos, Pablo Lobato, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Raphael Escobar, Rosana Paulino, Sonia Gomes, Tiago Gualberto e Vitor Cesar.

SERVIÇO
Exposição: OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga
Abertura: 27 de junho, às 20h
Até: 13 de agosto de 2017
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, nº 201 – Complexo Aché Cultural
(Entrada pela Rua Coropés, nº 88) – Pinheiros, São Paulo/SP
Fone: (11) 2245 1900
Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

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